Luisa Stefani prepara volta e sonha alto: “Quero ganhar um Grand Slam e ser 1 do mundo”

Luisa Stefani prepara volta e sonha alto: “Quero ganhar um Grand Slam e ser 1 do mundo”

18 de maio de 2022 Off Por Redação

Medalhista olímpica no tênis, voltou a treinar sem limitações nesta semana e já pensa em classificação para as Olimpíadas de Paris 2024 “em simples, nas duplas e nas duplas mistas”

Luisa Stefani está de volta. Após oito meses sem jogar um set sequer devido a uma cirurgia no joelho direito, a tenista paulista de 24 anos está livre para treinar sem limitações. Assim, a medalhista de bronze nas Olimpíadas de Tóquio ao lado de Laura Pigossi dá mais um passo importante rumo à volta as competições, programadas para depois de julho. Nesses oito meses depois da lesão no ligamento do joelho, trauma que ocorreu em plena semifinal do US Open, Luisa está empolgada. Não apenas para fazer os primeiros pontos durante os treinamentos desta semana, mas também com o tênis feminino do Brasil e o próprio futuro nas quadras.

Em entrevista exclusiva ao ge, Luisa Stefani revelou os planos para os próximos meses, que incluem tentar uma nova medalha olímpica, depois da inédita conquista nos Jogos do ano passado. E agora ela quer disputar as partidas nas quadras de Roland Garros, onde será o tênis nas Olimpíadas de Paris 2024, nas duplas, nas duplas mistas e na simples. Sonhar cada vez mais alto? Sim, a tenista que já foi top 10 no ranking pode sonhar. E vai além.

SEMANA DO RETORNO
Essa é uma semana muito boa, porque essa semana estou mais liberada para treinar sem restrições. Obviamente, quando eu digo sem restrições, é sem tantos limites quanto estava tendo. A questão de movimentação é que eu já estou mais liberada, para mexer, já posso começar a jogar alguns pontos.

QUANDO ESTARÁ 100%
É progressivamente. A gente está começando essa transição para estar 100%. E cada vez o sinto um pouco melhor. Mas depois de quase 8 meses sem fazer certos movimentos, sem reagir, sem fazer algumas movimentações com tanta potência ou com tanta confiança, vai demorar um certo tempinho para voltar, chegar a 100%. Basicamente é isso. Essa transição, agora, é pegando mais confiança, aumentando o volume. A carga, a intensidade dos treinos, aí acho que daqui um tempinho já vou estar pronto.

DATA PARA A VOLTA
Agora chegou o papo mais legal, que é o papo de qual torneio? Qual gira? Quando você vai voltar? Onde que a gente vai começar? Qual a superfície? Então, tem vários detalhes e partes estratégicas. É difícil de colocar ainda qual torneio ou uma data concreta nessa fase que eu estou. Estou entrando na fase de começar a treinar normalmente. Obviamente, vai demorar um tempinho para eu manter esse nível, pegar ritmo, começar a jogar, Tenho que melhorar de cardio, melhorar a ação, a confiança, me sentir bem, porque eu não vou voltar sem estar 100%. A gente não vai voltar só para marcar presença no torneio. Se estiver bem, vou voltar. Tem que voltar quando estiver 100% para poder marcar território nos torneios. Então eu acho que mais ou menos em julho eu já vou ter uma ideia melhor de quando eu vou poder competir.

AGOSTO OU SETEMBRO EM QUADRA
Pode ser. Eu acho que é mais ou menos isso, é uma boa data. Eu acho que preciso de pelo menos mais um mês nesse ritmo. Um mês e meio para a gente começar a afunilar e realmente concretizar as ideias, os planos. Por isso que é difícil falar hoje que vou voltar em agosto. Aí agosto não dá. Vamos lá em outubro. É muito difícil colocar agora, porque aí começa muita especulação. O processo é realmente longo, aí depende realmente de cada semana, de cada passo.

E A MENTE
A cabeça? É muito difícil descrever a cabeça. Cada fase teve as suas dificuldades. Eu acho que eu estou mais ansiosa, mais preocupada, mais animada para voltar agora do que estava no começo. No começo eu estava tipo “falta tempo” e acho que já comprei a ideia e aceitei que ia ser pelo menos 9 meses de reabilitação para eu poder voltar. E agora vai chegando mais próximo. Daí e outra dificuldade. É a ideia de agora é quando a gente deve voltar. Qual é a melhor parceira? Chega um monte de outras questões que não estão todas no meu controle. Então acho que essa parte, por um lado, é mais difícil, mas, por outro, faz 8 meses que eu estou nessa de reabilitação, então não é a agora que eu vou começar a acelerar o processo, entendeu? É manter a calma, acho que eu estou muito confiante e muito feliz com meu time, minha equipe, que tem me ajudado no processo. Eu acho que isso me dá muita tranquilidade, de certa forma saber que estou no caminho certo, que está melhorando. E, querendo ou não, espero que seja a última lesão, até porque é a minha primeira lesão desse porte. É a primeira vez que eu fico quase um ano fora. Então, tem sido um grande aprendizado, e eu não sei todas as respostas ainda. A cabeça está boa, sim, estou paciente. Estou feliz. Tem dias que são mais difíceis, tem dias que são mais doloridos. Os treinos são puxados. Parece que é uma pré-temporada infinita, mas ao mesmo tempo eu consegui curtir bastante esse tempo.

NOVA PARCERIA
A questão de parceria é muito encaixar calendário, encaixar a minha volta. Quem vai estar disponível no momento? A gente conseguir conciliar o meu calendário com alguém que vai me dar essa chance também, porque ninguém sabe como eu estou jogando. Estou fora há um ano. E a questão da dupla brasileira: eu adoro jogar, com a Bia Haddad a gente já falou. Eu sei que todo mundo está fazendo essa pergunta, mas, com certeza, vejo essa possibilidade de jogarmos juntas. Ela tá mandando muito bem na simples. Eu quero voltar a jogar simples também. Acho que tem muitas variáveis, agora é hora de entrar nessa parte, de começar a sondar, e ver quem vai estar disponível. Eu acho que tem algumas opções, mas agora precisa esperar concretizar o calendário. Mas estou animada para descobrir com quem vou jogar.https://9e56c85dbf900860bca12abe88fc0b17.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

HÁ UM ANO COMO ESTAVA
Um ano muito louco. Em 16 de maio eu estava chegando em Estrasburgo, eu estava tendo alguns dias off antes de ir para o Estrasbourgo. Depois de 10 dias, tive cirurgia da apêndice, perdi Roland Garros. E aí passou um mês bom. Olimpíadas, medalha de bronze, me tornei uma top 10, fiz semifinal de US Open. E veio a lesão. Foi tudo muito rápido, é muito louco. Esse foram 6 meses muito impactantes. Se pensar, foram quatro meses, né? Foi de maio a setembro. Assim, mudou tudo e tinha que ir me adaptando. Agora estou aqui. Uma loucura, mas um ano depois eu estou orgulhosa, foi legal.

QUAL SEU PRÓXIMO SONHO
Eu acho que o mais gratificante nessa volta foi ver o tênis feminino brasileiro crescendo. Cada vez mais a gente vê as meninas indo bem. E eu estando mais próxima do Brasil também é um sonho conseguir alavancar, levar para frente, empolgar mais as meninas a crescer, levar mais para a elite e eu acho que a gente está conseguindo. Pretendo levar isso ainda mais longe. É um sonho que eu tenho bem claro. Mas em questão pessoal: Eu quero ganhar um Grand Slam, eu quero virar número um do mundo de duplas, eu quero voltar a jogar simples. Quero me classificar para a Olimpíada de Paris em simples, em duplas e duplas mistas. Sonhar pode sonhar grande.

Por Marcel Merguizo — GE São Paulo