Semifinalista da Euro, Inglaterra cumpre meta estabelecida há oito anos por ex-dirigente

Semifinalista da Euro, Inglaterra cumpre meta estabelecida há oito anos por ex-dirigente

7 de julho de 2021 Off Por Redação

Greg Dyke assumiu a FA em 2013 com plano de colocar a seleção entre as quatro melhores da Eurocopa na atual edição e conquistar a Copa de 2022

A primeira meta já foi alcançada. Ao chegar à semifinal da Eurocopa 2020, a seleção da Inglaterra cumpriu um planejamento traçado há incríveis oito anos, uma eternidade no futebol. E, naturalmente, nada indica que eles queiram parar por aqui. O próximo passo tentará ser dado nesta quarta-feira, quando a seleção inglesa enfrentará a Dinamarca em Wembley, em busca da vaga na decisão da Euro.

A pandemia de Covid-19 adiou por um ano a realização da Euro 2020, mas o atraso não diminui o mérito inglês de ter chegado exatamente onde Greg Dyke, ex–presidente da Federação Inglesa (FA), prometeu em 2013, quando assumiu o cargo. Uma previsão que incluiu também uma segunda meta, ainda mais ambiciosa.Os dois objetivos que tenho para a Inglaterra são chegar ao menos na semifinal da Euro 2020 e vencer a Copa do Mundo de 2022″— Greg Dyke, então presidente da Federação Inglesa, em 2013

Dyke pretendia recuperar um orgulho que há muito andava em baixa entre os inventores do futebol. A seleção inglesa viveu seu período de maior êxito na década de 60, quando conquistou sua única Copa do Mundo, em 1966, como anfitriã, e dois anos depois chegou à semifinal da Eurocopa, na Itália.

Greg Dyke FA — Foto: Getty Images
Greg Dyke FA — Foto: Getty Images

English Team levou mais de 20 anos para voltar a disputar uma semifinal. Primeiro, no Mundial da Itália, em 1990, eliminada nos pênaltis pela Alemanha. Seis anos depois, sediou a Eurocopa com o sonho de levantar o inédito título continental, mas de novo viu a Alemanha levar a melhor na disputa de penalidades na semifinal, em Wembley.

Dyke, de 74 anos, trabalha atualmente como executivo da área de cinema e TV na Inglaterra. Quando assumiu o comando da Federação Inglesa, a seleção vinha de uma eliminação nas quartas de final da Eurocopa de 2012, derrotada nos pênaltis pela Itália. O país completava uma sequência de oito torneios de alto nível sem conseguir alcançar a semifinal.

  1. Copa do Mundo de 1998 – Oitavas de final
  2. Eurocopa de 2000 – Fase de grupos
  3. Copa do Mundo de 2002 – Quartas de final
  4. Eurocopa de 2004 – Quartas de final
  5. Copa do Mundo de 2006 – Quartas de final
  6. Eurocopa de 2008 – Não se classificou
  7. Copa do Mundo de 2010 – Oitavas de final
  8. Eurocopa de 2012 – Quartas de final

“O futebol inglês é um navio que precisa mudar de direção. Sem dúvida, alguns dirão que essas metas jogam mais pressão sobre os jogadores. Eu não vejo dessa forma. Os melhores jogadores devem ser capazes de lidar com a pressão se quiserem ser vencedores. Queremos ser vencedores”, afirmou Dyke naquele longínquo ano de 2013.

A confiança do dirigente não se abalou mesmo após o fiasco na Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Derrotada por Itália e Uruguai nas duas primeiras rodadas do Grupo D, a seleção inglesa já enfrentou a Costa Rica na terceira rodada sem chance de se classificar às oitavas de final.

Wayne Rooney na derrota da Inglaterra para o Uruguai na Copa do Mundo de 2014 — Foto: Reuters
Wayne Rooney na derrota da Inglaterra para o Uruguai na Copa do Mundo de 2014 — Foto: Reuters

Com a eliminação consumada, Dyke desceu à porta do hotel da concentração da seleção, na Zona Sul do Rio de Janeiro, para atender à imprensa e fazer um balanço da desastrada participação da Inglaterra no Mundial. E reiterou o objetivo traçado anteriormente.

“Sim, acredito nisso, e isso demanda uma série de mudanças no futebol inglês. Mas acho que podemos realmente nos desenvolver e ganhar a Copa de 2022. Esse é o objetivo”, declarou então.

Em cinco anos, títulos na base e semifinal de Copa

O técnico Roy Hodgson foi mantido após a Copa mas não resistiu a outro insucesso, a queda nas oitavas de final da Euro 2016, diante da modesta Islândia, ano em que terminou o mandato de Dyke na Federação Inglesa. Gareth Southgate, então treinador da seleção sub-21, assumiu o cargo. E os últimos cinco anos foram marcados por uma sequência de bons resultados, começando pela base.

Em 2017, a Inglaterra conquistou o Mundial Sub-17 e o Mundial Sub-20, dois títulos inéditos para o país. Começava a despontar uma nova geração, hoje uma realidade na seleção principal: Phil Foden e Jadon Sancho foram campeões sub-17, enquanto Calvert-Lewin, também convocado para a Euro 2020, levantou o troféu do Mundial Sub-20, junto com outros talentos como Lewis Cook, Ainsley Maitland-Niles e Dean Henderson.

Gareth Southgate comemora a vitória da Inglaterra sobre a Alemanha nas oitavas de final da Euro — Foto: FRANK AUGSTEIN / AFP
Gareth Southgate comemora a vitória da Inglaterra sobre a Alemanha nas oitavas de final da Euro — Foto: FRANK AUGSTEIN

Em 2018, na primeira grande competição da Inglaterra sob o comando de Southgate, uma antecipação da meta de Dyke: a seleção chegou à semifinal da Copa do Mundo da Rússia. Um ano depois, outro resultado consistente: a semifinal na edição inaugural da Liga das Nações da Uefa.

– Foram duas experiências diferentes, que nos ensinaram como nos preparar para esses grandes jogos, e acho que isso faz parte da jornada que os times às vezes precisam passar. Eu me lembro que a Alemanha parou em várias semifinais antes de finalmente vencer. Esse tem que ser nosso objetivo – observou Southgate na entrevista coletiva de terça-feira, véspera do jogo contra a Dinamarca.

A meta inicial de Greg Dyke já foi alcançada. Mas por que não ir ainda mais longe e chegar pela primeira vez a uma decisão da Eurocopa? E quem sabe até adaptar o segundo objetivo do ex-dirigente, levantando o inédito troféu continental um ano e meio antes da Copa do Catar?

– Estes jogadores estão superando barreiras toda hora, já fizemos isso nessa Euro e temos outra chance de fazer isso amanhã (quarta-feira). Nunca estivemos na final da Euro, e podermos ser os primeiros, isso nos anima. Esse time agora tem a experiência trazida da Rússia, estamos ficando mais consistente nos grande jogos, e isso nos faz acreditar mais – concluiu Southgate.