“Mercedes rosa” ajudou Aston Martin a desenvolver carro para F1 2022
4 de janeiro de 2022Semelhança do RP20, carro do time britânico em 2020, com W10, monoposto campeão da Mercedes, provocou polêmica; então Racing Point levou multa e perdeu 15 pontos
A Aston Martin (na época Racing Point) viveu em 2020 altos e baixos com seu carro, o RP20. Apelidado de “Mercedes rosa” pela semelhança com o modelo da Mercedes de 2019, ele apresentou um desempenho excepcional nas pistas, mas foi alvo de suspeita; seus dutos de freios foram considerados uma cópia, o que levou o time a ser punido. Apesar disso, a experiência serviu para orientar a equipe no desenvolvimento do carro de 2022, sob o novo regulamento da Fórmula 1.
– Definitivamente, isso abriu nossos olhos para novas formas de trabalhar; novos conceitos, novas ideias. Esse pensamento seguiu até certo ponto no carro de 2021, mas no carro de 2022, certamente esteve presente – revelou o diretor técnico da Aston Martin, Andrew Green.
A polêmica começou ainda na pré-temporada de 2020 em Barcelona, quando as características do carro pilotado por Lance Stroll e Sergio Pérez chamaram atenção das rivais.
A Racing Point justificou que se inspirou no carro da Mercedes através de fotos; a semelhança do carro se deu porque o RP20 contava com o câmbio, suspensão e motor com do time alemão; a aquisição dessas peças é autorizada pelo regulamento. Esse, porém, não é o caso dos dutos de freios.
Durante o adiamento do início da temporada devido à eclosão da pandemia do coronavírus, a Federação Internacional do Automobilismo (FIA) atendeu aos pedidos das equipes e vistoriou a fábrica da Racing Point, embora tenha admitido que não investigou aspectos técnicos mais detalhados do RP20, dentre os quais estão os freios.
A Renault, hoje Alpine, foi quem prosseguiu com a batalha extra-pista com a equipe britânica pela “Mercedes rosa”. A Racing Point acabou punida com a perda de 15 pontos no Campeonato de Construtores e uma multa de 400 mil euros (R$ 2,5 milhões).
Porém, a FIA permitiu que a equipe concluísse a temporada com os freios irregulares; além de brigar com a McLaren pelo terceiro lugar no Mundial, o time faturou três pódios, dois deles de Stroll, e uma vitória com Pérez no GP de Sakhir.
– Não foi uma cópia, foi o desenvolvimento de um projeto no qual você tem uma ideia aproximada de qual é a resposta para seu objetivo, mas é preciso muito trabalho para chegar lá. O que fizemos foi olhar para o carro (o RP20) e tentar descobrir por que ele era mais rápido. Não há atalho para isso. Muitas outras equipes seguiram a mesma filosofia; todos só se agarraram a isso porque fizemos um bom trabalho e outros times ficaram um pouco chateados – justificou Green.
A Racing Point terminou 2020 com um positivo quarto lugar, a apenas sete pontos da McLaren, em terceiro. O ano de 2021, porém, foi mais difícil; como Aston Martin, seus pilotos, Sebastian Vettel e Stroll, terminaram o campeonato abaixo do top 10.
O time ficou em sétimo lugar no Mundial de Construtores, tendo como único pódio o segundo lugar de Vettel no GP do Azerbaijão. Segundo Green, a equipe abdicou de se inspirar no carro da Mercedes em 2021 por causa do regulamento, embora ele tenha, na prática, congelado as especificações de 2020:
– No tempo limitado que tivemos, o carro se diferenciou muito por causa da mudança aerodinâmica introduzida no inverno. Foi uma mudança significativa no desempenho do carro que exigiu uma quantidade significativa de recursos apenas para tudo voltar a funcionar, o que ainda está muito aquém do que ele já foi.
A F1 promoverá em fevereiro os testes de pré-temporada, primeiro contato dos pilotos com o novo carro da categoria. A temporada terá início oficialmente em 20 de março, data do GP do Bahrein.