Boletim InfoGripe: influenza A e VSR mantêm situação de alerta em todo o país
10 de maio de 2024O vírus influenza A e o vírus sincicial respiratório (VSR) se mantêm em situação preocupante, sendo responsáveis em diversos estados pelo aumento do número de novos casos e de novas internações. Os registros atuais mostram que entre o total de óbitos nas últimas quatro semanas na população geral o percentual associado à influenza A já se iguala ao observado para Sars-CoV-2 (Covid-19).
Os números constam do Boletim InfoGripe da Fiocruz divulgado nesta quinta-feira (9/5) alerta que o cenário ainda requer atenção em todo o território nacional, tanto por parte das autoridades de saúde quanto da população. A análise é referente à Semana Epidemiológica 18, período de 18 a 4 de maio. Tem como base os dados inseridos no Sistema Epidemiológico da Gripe (SivepGripe) até 6 de maio.
O InfoGripe mostra crescimento do número de casos de Síndrome Respiratória Aguda (SRAG) nas últimas seis semanas e de estabilização nas últimas, causado principalmente pela interrupção do aumento de SRAG pelo VSR em crianças de até 2 anos em alguns estados, embora ainda estejam em ascensão em parte do território nacional. O número de mortes por SRAG continua significativamente mais elevado nos idosos, com amplo predomínio de Covid-19, porém já apresentando volume relevante associado ao vírus influenza A. Nas crianças pequenas o aumento da circulação do VSR tem gerado crescimento expressivo da incidência e mortalidade de SRAG, superando aquelas associadas à Covid-19 nessa faixa etária. Os outros vírus respiratórios com destaque para a incidência de SRAG na população infantil são influenza A, Sars-CoV-2 e rinovírus.
O pesquisador do Programa de Computação Científica da Fiocruz e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, destaca que em relação ao VSR já é possível observar em alguns estados o início da queda ou, pelo menos, a interrupção na sequência de crescimento semana após semana nas novas internações associadas ao vírus. Gomes destaca que, no entanto, o quadro no restante do país ainda é de aumento no número de novos casos semanais. Em relação à influenza, o especialista reforça a importância da vacinação.
“Lembremos que a campanha de vacinação está em andamento em todo o país e é extremamente importante que, especialmente, quem é grupo de risco, busque essa vacina. O Ministério da Saúde ampliou a vacinação, que agora está aberta a todas as pessoas a partir de 6 meses de idade. Então é fundamental buscar a vacinação, porque vai reduzir o risco de agravamento para os casos de gripe relacionados ao vírus influenza”, afirmou.
Diante da circulação do VSR, Gomes reforçou também a importância do uso de máscara, especialmente em unidades de saúde e no transporte público, a fim de evitar contrair o vírus respiratório e infectar outras pessoas, como seus familiares. “A orientação vale também para todos que estão com sintoma de gripe. Quem está com um resfriado, com algum sinal que parece uma gripe, também deve usar uma boa máscara”.
Nas últimas quatro últimas semanas epidemiológicas a prevalência entre os casos como resultado positivo para vírus respiratórios foi de 26,7% para influenza A, 0,3% para influenza B, 57,3% para vírus sincicial respiratório e 6,8% para Sars-CoV-2 (Covid-19). Quanto aos óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 40,9% para influenza A, 0,8% para influenza B, 13,2% para vírus sincicial respiratório e 40,9% para Sars-CoV-2 (Covid-19).
Referente ao ano epidemiológico 2024, já foram notificados 48.347 casos de SRAG, sendo 22.488 (46,5%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 17.791 (36,8%) negativos, e ao menos 5.334 (11,0%) aguardando resultado laboratorial.
Estados
Vinte e três unidades da Federação apresentam sinal de crescimento de casos de SRAG na tendência de longo prazo: Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Distrito Federal, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantins. Em relação aos casos de SRAG por Covid-19, se mantém o sinal de estabilidade em patamares relativamente baixos. Em relação ao cenário das crianças até 2 anos de idade, onde o VSR predomina, é possível observar início de queda no Ceará, Espirito Santo e Goiás, além de sinal de interrupção do crescimento na Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais e São Paulo.
Capitais
Entre as capitais, 16 apresentam sinal de crescimento nos casos de SRAG: Aracaju (SE), Boa Vista (RR), Campo Grande (MS), Florianópolis (SC), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Manaus (AM), Natal (RN), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Recife (PE), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Teresina (PI).