Messi na Arábia? Especialistas analisam nova novela do mercado
10 de maio de 2023Astro teria recebido proposta superior a R$ 2 bilhões anuais em abril; Sergio Busquets é outro jogador que pode parar no futebol saudita
As informações do programa esportivo espanhol “El Chiringuito” de que Messi e Sergio Busquets aceitaram proposta do Al Hilal, da Arábia Saudita, foram a grande surpresa desta semana. No caso do craque argentino, em meio a novas informações de que postergaria a decisão, e negativas sobre o acerto vindas de seu pai, Jorge Messi, uma fonte próxima à negociação garantiu à agência de notícias AFP que o atacante do PSG está apalavrado com o clube saudita. Diante dessa possibilidade, especialistas analisam o que pode representar a possível contratação.
Caso a transferência seja sacramentada, Messi reencontrará Cristiano Ronaldo no país asiático, em meio ao cenário de um mercado com valores inflacionados. O português chegou ao Al Nassr no final de dezembro para ganhar salário equivalente a mais de R$ 1 bilhão por temporada, tornando-se o jogador de futebol mais bem pago do mundo. Quatro meses depois, o maior rival do clube saudita, o Al Hilal, fez uma proposta superior a R$ 2 bilhões anuais para Messi, que no meio deste ano deve deixar o PSG, equipe com o qual tem contrato somente até o final de junho.
Para Armênio Neto, especialista em novos negócios da indústria do esporte, as cifras oferecidas para a contratação do craque argentino seguem valores de mercado, mas inflacionados.
– Se você for analisar, caso realmente se confirme a contratação de Messi pelo Al Hilal, que no passado chegou a oferecer a 400 milhões de euros por ano, conforme noticiado, é um valor muito superior ao que pagaria qualquer grande time europeu – argumenta o executivo.
O advogado especializado em direito desportivo, Eduardo Carlezzo, vai pelo mesmo caminho, ressaltando a Arábia Saudita como destino tradicional de atletas de médio ou alto nível em final de carreira. Mas destaca as particularidades envolvendo os dois principais protagonistas do futebol mundial na última década.
– O que é diferente no caso do Cristiano e do Messi é a absurda quantidade de dinheiro que envolve estas negociações. São valores surreais que não encontram nenhuma justificativa econômica ou esportiva. Mas é efetivamente a única forma de atrair jogadores deste quilate e colocar o país na vitrine do futebol mundial. Este objetivo, diga-se de passagem, já foi atingido, tamanha a exposição que o assunto vem recebendo desde que o Cristiano Ronaldo chegou por lá – afirma.
Competição dentro da Família Real
A vinda de atletas de grande porte para países fora dos grandes centros do futebol pode impactar positivamente nas receitas dos clubes e contribuir com as contas da instituição. Contudo, para Armênio Neto, esse não parece ser o foco das contratações:
– Acho que o objetivo, no final das contas, não é fazer um grande time rentável ou elevar a receita. O foco é outro. Existe uma competitividade dentro da própria família Real, que tem mais de 1000 pessoas. Vários deles têm um time de futebol, então se um faz um negócio grande, pode acontecer de outro quer fazer um negócio maior. É uma situação complexa – analisa.
Novos negócios e sportswashing
Armênio também destaca um recente movimento dos países do Golfo para potencializar o futebol e ampliar turismo e outros fatores. Dessa forma, trazer os holofotes para si seria uma estratégia tanto para desenvolver outros canais de negócio quanto para criar uma imagem diferente do país:
– Nesse sentido, acho que não podemos misturar, por exemplo, a contratação do Neymar, que elevou o patamar financeiro há algum tempo, com a vinda de Cristiano e a possível contratação de Messi. Porque neste caso há a questão do sportswashing, no sentido de usar o esporte para atribuir uma imagem um pouco melhor do país, para ganho de prestígio político – explica Armênio.
– O governo da Arábia Saudita tem um projeto ambicioso, semelhante ao do Catar, de elevar o país a uma potência esportiva regional, recebendo eventos internacionais relevantes. Mas não podemos esquecer que por trás disso tudo existe o famoso sportswashing, visando tornar a imagem do país positiva no cenário internacional – complementa Carlezzo.